A ILUMINAÇÃO, O ILUMINADO E O ILUMINADOR



A iluminação é algo que me fascina desde criança, lembro me de minha brincadeiras com fósforo, ao qual quebrava a cabeça de vários, desfazendo-os, e em seguida colocava num buraquinho feito numa madeira, pegava um prego e batia em cima para ver sair dali faíscas, ou então quando pegava a esponja de aço ateava fogo, e girando-a, fazia com que a chama se espalhasse , criando uma espécie de fogo de artíficio, claro que tudo isso sem minha mãe saber, pois, ela sabia do perigo que corria ao mexer com esse material sem nenhuma proteção de segurança; em contraponto a esse material, tenho minhas aventuras com montagens de presépios que fazia todo ano, sempre de uma maneira diferente, e dentro do conhecimento e material que obtinha (velas, pisca-pisca, lâmpadas de 5W e 15W), criava cenários e situações de iluminação para a representação noturna do nascimento de Cristo.

Hoje em dia, entendo muito bem o por quê disso tudo, ainda faço isso, porém de uma maneira mais profissional, com técnica e segurança.

"O Retiro dos Sonhos" - direção de Abílio Guedes (cena entrada dos judeus)

Como nasci numa cidade pequena, não havia muitos recursos para estudos em teatro como há hoje, perdoem me meu saudosismo, mas era difícil estudar teatro, e diga-se então luz; aos 14 anos ingressei em meu primeiro curso de teatro, desde então, nunca mais parei, várias companhias, seguidas de cursos de ballet, canto, performances em geral.

"O fogo da terra" com Ísis Zahara

Aos 23 anos tive a grata satisfação de fazer parte da Cia. Atlanta de Teatro, sede em Campinas/SP, a qual fiquei na responsabilidade dos cuidados da técnica de som e luz, e cá estou, aos dias atuais dedicando me profissionalmente a isso, o fazer “LUZ”.

Enquanto que para muitos a luz é um simples complemento, para mim ela é parte integrante e interpretativa do espetáculo.

Imaginemos como seria um espetáculo inteirinho no escuro, sem você ver ao menos uma silhueta numa luz aos 20% de sua capacidade, nem que fosse a luz de um simples fósforo queimando enquanto o artista interpreta seu monólogo, acho que não teria muita graça! Lembremos que a necessidade da luz sempre esteve presente em espetáculos, mesmo acontecendo durante o dia, como foi na Grécia antiga, aproveitando cada ângulo incidente da luz solar no espaço cênico que lhes haviam na época, ou mesmo no Renascimento, em que a luz que passava pelos vitrais das igrejas católicas, aconteciam os dramas litúrgicos, e “abençoava os artistas”, que até então eram considerados pagãos; logo descobriu-se a necessidade de adotar “sistemas de iluminação” através da queima de diversas substâncias e criaram um templo para o artista denominado TEATRO.

"CATS" Academia Primeiro Ato (cena Mister Mistofelles)

Como toda a tecnologia evolui, vieram as luzes de velas, mais tarde a gás, até a descoberta de seu controle através da eletricidade, resultando para os teatros maior segurança, além, do total domínio da luz sobre a cena que acontecia.

Hoje em dia, temos mesas de controle completamente digitais, onde através de somente um toque e um cabo (DMX), você aciona os comandos, controlado praticamente tudo, desde o acendimento de uma lâmpada bem como o seu trajeto com cores e desenhos em aparelhos mais sofisticados chamados Moving Lights, e podendo até controlar a entrada e saída de toda a traquinagem e o maquinário cênico.

"Mitologia Grega" Academia Ponto da Dança (cena Netuno)

Claro que como todo profissional, penso em utilizar esses grandes recursos, mas nunca me esquecendo, o valor artístico, técnico e criativo, pois sei, que lá no fundo, ainda sou aquele menino que brincava de “fazer luz” com o presépio de natal, sempre agindo também com a criação, sensibilidade e versatilidade ao que me for proposto.

"O ciclo sem fim" Centro Cultural de Pedreira (cena inicial) direção João Paulo Nascimento

Expressem suas opiniões, elas serão de grande importância.


ALESSANDRO AZUOS

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