Macbeth por Robert (Bob) Wilson
Galera iluminada!!!
Sei que estou um pouco atrasado em falar sobre a passagem de Bob Wilson no Brasil, mas me sinto obrigado a terminar o ano falando do prazer que tive em assistir sua versão para a obra de Verdi: MACBETH, baseado no drama de Shakespeare.
Sei que estou um pouco atrasado em falar sobre a passagem de Bob Wilson no Brasil, mas me sinto obrigado a terminar o ano falando do prazer que tive em assistir sua versão para a obra de Verdi: MACBETH, baseado no drama de Shakespeare.
"Eu odeio "atualizar" uma ópera; representar Macbeth num supermercado para fazê-la parecer mais "moderna" não faz sentido para mim. Eu respeito o que o compositor escreveu na partitura.
(...)
Macbeth é como um prisma: contém muitas facetas. Isso que a faz interessante. É uma trama obscura, cheia de violência. E é uma tragédia, Então, deve estar cheia de luz."
Bob Wilson
(trechos do libreto da montagem de Macbeth no Teatro Municipal de São Paulo)
Bob Wilson é americano, nascido no Texas, e inciou sua trajetória no teatro da década de 60, em meados dos anos 70 junta-se ao compositor minimalista Philip Glass e juntos desenvolveram a ópera "Eisnten on the Beach" (busquem no youtube que encontraram com facilidade alguns trechos); Cyro del Nero define sobre suas obras: "O teatro de Bob Wilson não há uma intriga que se desenvolve. Seu teatro é uma composição pictórica, um desdobramento cerimonioso e íntimo" ("Máquina para os deuses", página 278)
Macbeth, para quem não conhece, tem um enredo simples, conta a história de um ganancioso general e nobre escocês, que incitado pela esposa (Lady Macbeth) a matar o Rei para que fiquem com o trono; desta simples idéia, Shakespeare escreveu uma belíssima narrativa dramática que desenvolve-se em diversos aposentos do Castelo e fora dele, cenas de bruxaria e devaneios são agregadas para intensificar a busca pela ganância através de outros caminhos que não são considerados corretos.
A versão de Bob Wilson não tem cenários clássicos, muito pelo contrário, opta pelo uso de sombras intensas, em que vemos os cantores apenas com um foco individual para cada personagem da trama, iluminando seus rostos e bustos - todos os rostos são maquiados com branco, absorvendo melhor a cor dos focos; todo esse visual minimalista, é reproduzido com recursos cênicos que vão desde uso de lâmpadas convencionais de teatro, ao uso de LED e Fluorescentes, tecnologia usando Moving Lights, varas manipuladas eletronicamente e manualmente, nos fazem rever conceitos sobre a necessidade do conhecimento técnico e saber usar a iluminação de maneira adequada ao espetáculo.
Confesso que sai do espetáculo extasiado, quebrando paradigmas que tinha em relação ao que toca em profundidade no aspecto de concepção e o medo do novo e do desconhecido, e Bob Wilson mostrou me, que mesmo uma ópera Verdiniana, do período romântico, pós barroco, em que se exigem cenários, muita iluminação para tudo dentro da caixa cênica, ele mostra que o bom gosto, aliados a tencologia e plasticidade cênica são elementos fundamentais para se compor uma obra com tamanha magnificência que é sua montagem para Macbeth.
Seus 4 atos surgem todos de maneira inesperada, mesmo lendo o roteiro de sua composição visual no catálogo do espetáculo, permanecessemos na espectativa de como aquilo ocorrerá no palco; estou até agora tentando "escolher" alguma cena que me fascinou mais, e ainda me lembro nitidamente de quase tudo, desde sua ousadia em criar na frente do proscênio uma ribalta com lâmpadas T5 voltadas para platéia (claro que controlando suas intensidades) e essa mesma iluminação se compunha junto ao espetáculo, auxiliando também a visualização dos músicos no fosso, que também tinham suas "lâmpadas de partitura" gravadas na console com momentos de black out em perfeita sincronia com o visual imaginado e criado pelo artista.
Um agradecimento muito especial ao encontrar meus amigos Arthur Pinheiro (programador e operador da ópera) e Olavo Cadorini (técnico no Teatro Municipal) e saber que faziam parte desta grandiosa obra.
Abraços a todos... ainda nesta semana, envio minha mensagem de final de ano ;) ....
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Macbeth, para quem não conhece, tem um enredo simples, conta a história de um ganancioso general e nobre escocês, que incitado pela esposa (Lady Macbeth) a matar o Rei para que fiquem com o trono; desta simples idéia, Shakespeare escreveu uma belíssima narrativa dramática que desenvolve-se em diversos aposentos do Castelo e fora dele, cenas de bruxaria e devaneios são agregadas para intensificar a busca pela ganância através de outros caminhos que não são considerados corretos.
A versão de Bob Wilson não tem cenários clássicos, muito pelo contrário, opta pelo uso de sombras intensas, em que vemos os cantores apenas com um foco individual para cada personagem da trama, iluminando seus rostos e bustos - todos os rostos são maquiados com branco, absorvendo melhor a cor dos focos; todo esse visual minimalista, é reproduzido com recursos cênicos que vão desde uso de lâmpadas convencionais de teatro, ao uso de LED e Fluorescentes, tecnologia usando Moving Lights, varas manipuladas eletronicamente e manualmente, nos fazem rever conceitos sobre a necessidade do conhecimento técnico e saber usar a iluminação de maneira adequada ao espetáculo.
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| A foto acima pertence ao site do "Jornal Estadão", é só clicar e abrirá página em que está a matéria do jornal. |
Confesso que sai do espetáculo extasiado, quebrando paradigmas que tinha em relação ao que toca em profundidade no aspecto de concepção e o medo do novo e do desconhecido, e Bob Wilson mostrou me, que mesmo uma ópera Verdiniana, do período romântico, pós barroco, em que se exigem cenários, muita iluminação para tudo dentro da caixa cênica, ele mostra que o bom gosto, aliados a tencologia e plasticidade cênica são elementos fundamentais para se compor uma obra com tamanha magnificência que é sua montagem para Macbeth.
Seus 4 atos surgem todos de maneira inesperada, mesmo lendo o roteiro de sua composição visual no catálogo do espetáculo, permanecessemos na espectativa de como aquilo ocorrerá no palco; estou até agora tentando "escolher" alguma cena que me fascinou mais, e ainda me lembro nitidamente de quase tudo, desde sua ousadia em criar na frente do proscênio uma ribalta com lâmpadas T5 voltadas para platéia (claro que controlando suas intensidades) e essa mesma iluminação se compunha junto ao espetáculo, auxiliando também a visualização dos músicos no fosso, que também tinham suas "lâmpadas de partitura" gravadas na console com momentos de black out em perfeita sincronia com o visual imaginado e criado pelo artista.
"Assistir a Bob Wilson é uma aula de ousadia, inovação e criativadade para nós iluminadores!"
(A. Azuos)
Um agradecimento muito especial ao encontrar meus amigos Arthur Pinheiro (programador e operador da ópera) e Olavo Cadorini (técnico no Teatro Municipal) e saber que faziam parte desta grandiosa obra.
Abraços a todos... ainda nesta semana, envio minha mensagem de final de ano ;) ....
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