LUMINOTÉCNICA - PARTE 07/08: compreendendo sobre cores, visão e mente

Galera iluminada!!!

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Postagem: 01 - Considerações iniciais: http://bit.ly/1Ivrd1Y
Postagem: 02 - Luz, iluminação e radiações visíveis: http://bit.ly/1MPkhDf
Postagem: 03 - Temperatura de cor e reprodução da cor da luz: http://bit.ly/1GVKTha
Postagem: 04 - Grandezas da iluminação: http://bit.ly/1HHd4OX
Postagem: 05 - Luminárias e aplicações: http://bit.ly/1NQODk5
Postagem: 06 - Efeitos de iluminação: http://bit.ly/1CfptpC



Falar um pouco sobre efeitos e cores, é algo que estudo há um certo tempo, e escreverei aqui algumas curiosidades que vemos diariamente, nos passam muitas vezes despercebido, e que podem nos auxiliar e muito quando escolhemos algum tipo de cor que queremos utilizar.

Mas antes, gostaria de convidá-los a fazer uma experiência, olhem fixamente no ponto vermelho da figura abaixo por 15 segundos, bem concentrados, e após 15 segundos olhem numa superfície branca:




Mais abaixo falarei por que você viu as cores certas do arco-íris.

Existem muitas pesquisas acadêmicas sobre estes assuntos, e a galera das artes visuais são as mais interessadas em falar sobre ele, acredito que seja até por faltar esse assunto na matérias de faculdades, ou então por passar tão rápido por elas, que nem nos damos conta da real importância e estudo das cores e efeitos psicológicos provocados por elas; quem também se utiliza dessas sensações com nobreza, também é o cinema, já no teatro - área que trabalho há 16 anos- sinceramente, vi muito pouco estudo sobre isso, percebo que a maioria dos iluminadores trabalham mais ativados pela percepção primária, e poucos aventuram-se em ousar, pesquisando realmente o por que de determinada cor para a cena.

Mas vamos ao que interessa, falar de cores é falar diretamente a influências psico-sociais-culturais, ou seja, gostamos de determinadas cores e somos abominados por outras, devido a nossa influência de formação, nossas raízes antropológicas que estão arraigadas em nossos genes nos influenciam em muito tal decisão.

É sabido através de pesquisas, que nós seres humanos, carregamos em nossa genética um sentimento de alteração de emoções que vem desde nossos ancestrais dos tempos da caverna, sendo mais direto, sabemos que determinadas cores que estão ligadas ao rosa, tons pastelados de âmbar e amarelo, nos dão a impressão e sensação de esperança, por que são cores que vemos durante o dia amanhacer, e aqui lembro que a luz da manhã libera endorfina (substância que nos traz o prazer, a alegria), os tons amarelos nos dão aconchego, e tantos outras cores que poderíamos citar, ficarei aqui diversos posts falando sobre a cor e suas influências psicológicas.

Para não ficar cansativo, falarei um pouco sobre o essencial e os fenômenos mais corriqueiros, isso é alvo de estudos meus há alguns anos, além de buscas em diversos sites e livros para ficar mais dinâmica nossa linguagem por aqui, possui muitos livros sobre cores e cada um tem uma informação especial, mas prometo que falarei sobre eles futuramente.  



O QUE É COR?
Para entendermos as cores é necessário que conheçamos o fenômeno da luz, que é o maior responsável pelas nossas sensações cromáticas. A luz é uma onda eletromagnética e, assim sendo, possui frequências e comprimentos variados. Inicialmente acreditava-se que nossa visão se dava pela incidência da luz sobre nossos olhos, permitindo a visualização de superfícies, quando na verdade hoje sabe-se que a luz incide sobre uma superfície e este a reflete nos olhos do observador.

Teoria da cor: a cor e suas propriedades (parte1)


luz branca, como já descrevi em post anteriores, é a soma de todas as cores; a luz libera frequências de ondas que distinguimos através de comprimentos de ondas que em determinadas velocidades possuem as cores, e a vemos branca, e a velocidade da luz ser altíssima, e temos a sensação da cor BRANCA.

Cada comprimento de onda da luz branca na faixa de 400 até 700 nanômetros é responsável por uma cor distinta, apresentando as seguintes variações: vermelho, laranja, amarelo, verde, ciano, azul e violeta. A esse conjunto de sete cores visíveis conseguidas pela decomposição da luz branca damos o nome de espectro de luz visível.

Teoria da cor: a cor e suas propriedades (parte1)


Qualquer superfície em que a luz incide, existem as propriedades físicas de absorção e reflexão dessas frequências de ondas, então parte é absorvida (filtrada), parte é refletida (no mesmo ângulo que a incide), dependendo da estrutura físico-química da superfície,

As ondas que não são filtradas chegam a nossos olhos criando a sensação de cor. Portanto, as superfícies não possuem qualquer tipo de cor própria. Uma folha de cartão terá a cor verde se ele absorver todas as outras frequências de cores, refletindo apenas as ondas correspondentes ao verde.

Teoria da cor: a cor e suas propriedades (parte1)


Uma informação importante para saber, é que a fonte de iluminação é a principal fonte para sabermos a cor real do objeto, como vimos no IRC, é a fonte que determinará a cor da superfície e será a responsável pela visão, é comum do ser humano pressupormos as cores nos materiais, mas imagem o que ocorreria caso eu tivesse um jardim e o iluminasse com uma tonalidade mais avermelhada? ficaria escuro e sem vida, portanto, sempre prestar atenção nestes detalhes.


ELEMENTOS DA COR (MÉTRICA DA COR)

Toda cor possui três características principais responsáveis por medi-las e identifica-las:

Matiz – É a própria cor em sua máxima intensidade. Vermelho, verde ou azul, por exemplo, são matizes. As mudanças nos matizes são obtidas pelo acréscimo de outros matizes

Saturação – Grau de pureza de um matiz, ou seja, a capacidade de preservação de sua intensidade máxima. Uma cor tem a máxima saturação quando corresponde a seu próprio comprimento de onda no espectro. A dessaturação de uma cor pode se dá pela proporção de um matiz em relação ao preto, branco, cinza ou a sua cor complementar.

Luminosidade – Trata-se da capacidade da cor de refletir a luz branca, tornando o matiz mais claro ou mais escuro, independente de sua saturação.

Teoria da cor: a cor e suas propriedades (parte1)

Outra representação do gráfico, podendo ser encontrado facilmente na internet como Sistema Munsell de Cores:








SÍNTESES CROMÁTICAS

Para entender as cores temos que saber que só obtemos cores através de duas formas:

COR LUZ: corpos que de alguma maneira emitem luz (lâmpadas, diodos, animais luminiscente, etc) 

COR PIGMENTO: é a cor obtida quimicamente (tintas, pigmentos, etc)


Vamos estudá-las melhor através das técnicas de Síntese Cromáticas:

1)Síntese aditiva (cor física)

São cores obtidas a partir da luz, não possuem corpo material, necessitando de fontes de iluminação natural (sol, animais bioluminescentes) ou artificial (lâmpadas).

Para entender melhor, partimos da ideia da ausência total de luz, ou um corpo negro, e quanto mais luz adicionamos mais vamos obtendo o branco (lembrando que fisicamente é a soma de todas as cores)

Encontramos essa aplicação em TV, projetores cinema, iluminação cênica, fotografia, algas e peixes que possuem a capacidade luminescente, vaga-lumes, etc:

Teoria da cor: a cor e suas propriedades (parte1)

2) Síntese subtrativa (cor química)

Quando obtemos as cores por pigmento, ou de forma química, damos o nome de Síntese Subtrativa, e como seu próprio nome sugere, vou "subtraindo" as cores, ou seja, é o contrário da Sintese Aditiva, tomo como base o branco, e a medidade que adicionando pigmentos de cores, vou "subtraindo" a cor branca e chegando a cor preta, tecnicamente quanto mais escuro, mais absorção da luz e mais escuro fica o objeto.

Pensando na prática, essa síntese é amplamente usada na indústria química, gráfica, nossas impressoras, quando utilizamos filtros na frente dos refletores.

Teoria da cor: a cor e suas propriedades (parte1)

3) Síntese partitiva

Essa síntese veremos sua aplicação nas artes visuais, seria a soma das duas sínteses anteriores, num resultado ótico que cria uma determinada imagem em nosso cérebro.

Para entender melhor, vemos esse exemplo nos pintores impressionistas,  tem Georges Seurat como maior representação neste movimento artístico conhecido como "Pontilhismo".

Teoria da cor: a cor e suas propriedades (parte1)


Para sua curiosidade sobre a aplicação do Pontilhismo: atualmente o vemos também nos painéis de LED, que são medidos por "pixels", esse estudo de "junção de cores" iniciou-se com as teorias de Helmholtz e Maxwell.


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CURIOSIDADE: CONTRASTE SUCESSIVO    

 A figura que pedi para que olhassem acima, está ligada diretamente ao contraste da cor, como já falei aqui, o nosso cérebro é quem determina a cor, e neste caso, como estamos olhando um tempo fixamente para essas matizes, o cérebro busca equilibrar a cor que está vendo com a cor contraste; esse fenômeno é uma sensibilização que ocorre num curto período, é uma das formas para mostrar que num determinado loca, ou numa determinada cena, se extrapolamos a demasia de uma determinada cor, o nosso cérebro tende a "necessitar da cor oposta". 
Agora vamos fazer novamente, com a bandeira do Brasil, 15 segundos olhando fixamente e em seguida numa superfície branca: 


Explicando a ilusão mais tecnicamente:
  1. Ao fixar a imagem por um período de tempo fixo, estamos a saturar os nossos receptores visuais para os comprimentos de onda do estímulo.
  2. As zonas pretas da imagem sobressaturam os receptores afectos ao preto. As zonas brancas sobressaturam os receptores afectos ao branco.
  3. Estas células ficam dessensibilizadas a estímulos posteriores.
  4. Ao mudar rapidamente o nosso foco visual para uma parede branca, os receptores que descrevi respondem fracamente (estão dessensibilizados).
  5. Os receptores para o branco na zona de estimulação preta e os receptores pretos na zona de estimulação branca, estão ‘frescos’, e, pela dessensibilização dos receptores do ponto anterior, respondem fortemente e sem oposição.
  6. Assim sendo a cor (cromático) ou o brilho (acromático) da imagem é invertido, conduzindo à visualização da bandeira nacional.
Este fenómeno é genericamente conhecido por negative afterimage, e é um fenómeno que ocorre na retina (no olho). Existem também a positive afterimage, sendo esta um fenómeno cerebral que é importante para a percepção do movimento como um todo (por exemplo, unir coerentemente as frames dum filme).
Mais duas fotos para fechar:





LUZ A TODOS!!!


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Fontes de pesquisa geral para estas matérias:

Livros e catálogos:
"Iluminação e Fotometria" - 2ª edição - de Vinícius de Araújo Moreira (Ed. Ética - 2011)
"Iluminação: Teoria e projeto" de Délio Pereira Guerrini (Ed. Edgard Blucher - 1976)
"Conceitos básicos de iluminação" Revoluz
"Guia de iluminação" LLUM Lâmpadas e Luminárias
"Catálogo OSRAM" - 2011/2012
"Iluminação" de Roberto Starck Nogueira da Silva (1977)
"Luz, Lâmpadas e iluminação" - Mauri Luis da Silva (Ed. Ciência Moderna - 2004)
"LED a luz dos novos projetos" - Mauri Luiz da Silva (Ed. Ciência Moderna - 2011)

Revistas:
"Manual do construtor" - Edições 06 e 07 - Eco Editorial
"Guia da iluminação" - Edição 02 - Editora Abril (2011)
"Arquitetura e construção" - Edições jun/12 e jul/13 - Editora Abril


Sites:


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